Intestino preso na infância: quando devo me preocupar?

A constipação intestinal ou intestino preso é o atraso ou dificuldade para evacuar, por 2 ou mais semanas, gerando desconforto e/ou eliminação de fezes endurecidas com dor, dificuldade ou esforço para evacuar.
Acredita-se que a incidência seja em torno de 14%, sendo mais frequente em crianças pequenas, entre 2 a 7 anos, além de mais frequente em meninas .
Sua causa em 90 a 95 % das vezes é de origem funcional, ou seja não há uma doença de base causando esse problema.
Apesar de benigno, é um sintoma com muita repercussão na qualidade de vida e de difícil controle.
Frequentemente, o início da constipação está associado ao treinamento do controle esfincteriano, ou seja na hora do desfralde, sendo mais frequente:
- Técnicas inadequadas de treinamento;
- Pressão excessiva do cuidador para a criança manter o controle intestinal.
Não podemos deixar de citar que os bebês que mamam exclusivamente ao seio, podem evacuar até uma vez por semana, com fezes pastosas e sem distensão abdominal ou vômitos. Sendo assim considerado absolutamente normal.
Para se fazer o diagnóstico, a realização de exames não é necessária, apenas quando se suspeita de alguma doença de base.
E qual é o tratamento?
O tratamento se baseia em:
- Desimpactação (retirada das fezes ressacadas antigas)
- Medidas educacionais sendo as principais:
- não adiar o desejo de evacuar;
- usar redutores de assento e apoiadores para os pés;
- permanecer sentado no vaso por cerca de 10 min após a refeição;
- tranquilizar a família sobre a ausência de doenças;
- orientar a não tomar medidas punitivas quando ocorrerem escapes fecais;
- adiar o treinamento do controle esfincteriano até melhorar o quadro;
- explicar que o tratamento é prolongado e com alta probabilidade de recorrências;
- Dieta rica em fibras tais como cereais integrais, farelo/germe de trigo, frutas com casca, frutas secas além de reduzir doces e farináceos.
- Aumento da ingestão de líquido
- Medicações de manutenção (por no mínimo 3 meses).
Em 50 % dos casos as crianças melhoram após 1 ano de tratamento. Sendo assim, o melhor é prevenir que isso aconteça. Uma das principais maneiras é o desfralde com respeito no tempo de cada criança. Vamos falar sobre esse tema num outro post.
