Sono do bebê: Meu filho não dorme! O que é a higiene do sono?
Um dos maiores desafios enfrentados pelos pais, sejam de primeira viagem ou não, e que geram maior angústia e desgaste na família é o sono do bebê.
Também é um assunto bastante delicado e hoje em dia acabou por se tornar polêmico, diante de tantas orientações, consultorias e matérias disponíveis em livros e sites, sendo assim de fácil acesso aos pais.
Entendemos que a informação atualmente está disponível e é uma grande aliada nos dias de hoje, porém muitas vezes os pais ficam até confusos com tanta informação distinta por aí.
“Como fazer o bebê dormir a noite toda?”
“Devo ou não amamentar?”
“Se eu der mamadeira vai dormir a noite toda?”
“Dou ou não a chupeta”?
“Deixar chorar ou não?
Essas entre outras são as muitas questões relacionadas a esse tema.
E qual o papel do Pediatra?
O papel do Pediatra é fundamental, pois cabe a ele orientar quais as medidas seguras e principalmente o que é a realidade da fisiologia do sono do bebê, para que tenhamos perspectivas reais do que é o sono normal do bebê.
O sono é um dos aspectos mais importantes para o crescimento e desenvolvimento da criança, pois um sono adequado reflete em desenvolvimento adequado da atenção, comportamento, aprendizado, memória, regulação emocional, qualidade de vida e saúde física e mental.
Alguns dados importantes precisam ser citados:
- Os bebês ao nascimento são imaturos, assim como seu sono. Geralmente os ciclos de sono do bebê variam conforme a idade e um bebê recém-nascido não tem como dormir a noite toda, pois precisa se alimentar para manter a glicemia do organismo. É importante salientar que até os 2 meses o bebê não tem um ciclo de sono/vigília organizado, e partir dessa idade que o sono noturno irá predominar.
- E os ciclos de sono? Observe na tabela os ciclos de sono e observações de cada idade.
- Qual a necessidade de sono do bebê? Na tabela abaixo temos a necessidade diária do bebê por faixa etária.
- Como e quando meu bebê vai dormir a noite toda?
Ninguém tem essa resposta.
Cada bebê é um bebê, mas mais importante do que isso é perceber se o seu bebê está dormindo o suficiente.
Diferente do que muitos imaginam, o bebê e a criança que não dormem adequadamente, ficam na realidade, agitados, inquietos e irritados. Resistem a dormir, e muitas vezes os sintomas se assemelham ao Transtorno de Défict de Atenção e Hiperatividade.
- Mas como fazer?
Aí é que entra a Higiene do Sono, que nada mais é do que medidas comportamentais (rotina) que irão auxiliar o bebê a entender que aquele momento é a hora de dormir e permitir que ele entre nesse período com uma maior aceitação e o sono será mais fácil de ser obtido.
As principais medidas, recomendadas pela Academia Americana de Pediatria (AAP) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) são:
- Manter uma rotina para cochilos diurnos das crianças que ainda necessitam, evitando os cochilos no final da tarde.
- Colocar a criança ainda acordada na cama, indicando que é hora de dormir, e todo ambiente deverá estar calmo e tranquilo para induzir o sono e dar confiança e segurança à criança
- Criar uma rotina para a hora de dormir, na qual haja um momento bom e agradável com os pais (ler estórias, ouvir música calma, etc.), sem muitos estímulos.
- Criar um ambiente propício ao sono e recompensar as noites bem dormidas.
- Manter o mesmo horário para dormir e acordar todos os dias, incluindo finais de semana e feridos (horários regulares).
- Evitar bebidas (chocolate, refrigerante, chá mate ou cafeinados) e medicações que contenham estimulantes próximo à hora de dormir.
- Tentar não deixar a criança adormecer com mamadeiras de leite ou chá, vendo televisão ou em outro lugar que não seja a própria cama.
- Não alimentar a criança durante a noite.
- Evitar levar a criança para a cama dos pais ou outros lugares para dormir ou acalmar-se.
- Se a criança acordar à noite para ir ao banheiro ou por causa de pesadelos, permanecer no quarto dela até ela se acalmar e avisá-la que retornará para o seu quarto, quando ela adormecer.
- Quando lidar com a criança durante a noite, usar uma luz fraca, falar baixo e ser breve o suficiente, sem estimulá-la.
Como mães, sabemos o quão desgastante pode ser a privação de sono para os pais, principalmente para as mães e assim uma noite de sono tranquila é o desejo de muitos de nós. As recomendações “oficiais” são estas, mas aqui gostaríamos de colocar alguns pontos importantes da nossa conduta como mães e médicas.
- Acreditamos que a criança deve ser atendida em todas as suas necessidades, sejam elas alimentares ou emocionais.
- Muitas vezes o bebê irá acordar para verificar se sua mãe está por perto para se sentir seguro, pois assim poderá voltar a dormir tranquilamente.
- Permitir que logo nos primeiros dias o bebê já seja exposto ao ciclo natural do dia, claridade do dia e escuridão da noite, pois assim estabelecemos o ciclo circadiano do bebê. Deixar o quarto muito escuro durante o dia pode levar a inversão do ciclo, ficando o bebê mais acordado a noite do que de dia.
- Não aconselhamos a deixar o bebê chorando, pois o bebê NÃO É CAPAZ, de te manipular… Ele é apenas um bebê que procura aquilo que o deixa o mais seguro, o amor de seus pais.
- Não aconselhamos, a princípio a cama compartilhada, principalmente em menores de 2 anos, devido ao risco da Morte Súbita do Lactente.
- Sugerimos que o bebê durma no quarto dos pais , num berço acoplado, ou berço mesmo, até os 6 meses.
- Sempre devemos por o bebê para dormir de BARRIGA para CIMA !!!
- Não devemos colocar objetos no berço, como bichos de pelúcia, paninhos, cobertor, também pelo risco de morte súbita.
- Os pais devem sempre estar atentos a oferecer um ambiente seguro e propício para o bebê dormir, alguns dias serão mais fáceis, outros mais difíceis, mas sempre pensando que cada fase é uma fase e que vai passar!
É muito importante que na consulta com o pediatra seja avaliada toda a rotina do bebê, de sono, alimentação e brincadeiras, pois muitas vezes pequenos ajustes já são suficientes para a readequação do sono.
O objetivo desse texto é uma orientação geral, o que nunca deve substituir a consulta com o Pediatra.
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Bibliografia:
http://pediatrics.aappublications.org/content/138/5/e20162940..info